segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A mulher tem duas almas,
uma que chora, outra que ri:
a que ri chora sempre,
a que chora morre em todo entardecer,
quando a vida entardece.

Tem duas almas: uma que esquece,
outra que foge sempre das igrejas
mas entre anjos permanece.

A mulher tem duas faces,
a que se mostra, a que se esconde:
na que se mostra ela se cala,
depois se guarda escondida
no retrato de uma sala.

Tem duas almas:
uma que fere, outra que é ferida,
a que se corta não se vê na que se fere,
a preferida.

A mulher tem duas primaveras:
a que nasce sempre nas árvores
e a que lembra esquecimentos,
a que silencia o ser ausente,
a que floresce pressentimentos.

Tem duas vidas:
a que vive e adormece
e a que, adormecida,
na sua alma a vida tece.

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